Especialistas alertam que emoção demais pode causar problemas cardíacos durante a Copa do Mundo
A emoção e a ansiedade, tão presentes durante os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo, devem ser bem controladas pelos espectadores, especialmente por aqueles com histórico de doenças cardíacas. O alerta é dado por cardiologistas, preocupados com a possibilidade de que a euforia das partidas desencadeie problemas no coração dos torcedores apaixonados.
A orientação tem como base números divulgados durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. Pesquisa revelou aumento de 30% a 40% nos atendimentos em pronto-socorros a pacientes alemães com queixas cardiovasculares agudas. Os cardiologistas temem que o mesmo aconteça com os torcedores brasileiros neste ano.
Segundo o cardiologista Marcelo Paiva, do Hospital Nove de Julho, em situações de estresse ou de emoção, o corpo produz uma descarga de adrenalina que resulta no aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Se há obstrução ou estreitamento nas artérias e veias coronárias, pode ocorrer infarto ou derrame cerebral, como explica o cirurgião cardiovascular Januário Manoel de Souza, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Especialistas orientam que os torcedores evitem o consumo de substâncias como bebidas alcoólicas e frituras. “Estimulantes como cafeína e cocaína podem provocar aceleração do coração e levar a uma crise de arritmia”, explica o cardiologista Nabil Ghorayeb, do Hospital do Coração (HCor).
As medidas devem ser tomadas desde os primeiros jogos da seleção brasileira na Copa, ainda que eles não prometam tanta euforia. Nisso, até os médicos concordam. “No começo, a Copa não deve causar muitas emoções. Ninguém está acreditando muito nesta seleção”, opina o cardiologista do HCor.
Estudo inédito com brasileiroBaseada no estudo feito durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, a Sociedade Brasileira de Cardiologia fará uma pesquisa inédita no Brasil com 200 profissionais em 16 hospitais do país. A intenção é catalogar casos de pacientes que procurem as unidades com sintomas de problemas cardíacos e, assim, identificar se este aumento também ocorre com os pacientes brasileiros.
Serão catalogados todos os casos de problemas cardiovasculares ocorridos antes, durante e até duas horas após o término dos jogos da seleção brasileira. “Se conseguirmos comprovar os números, será mais fácil fazermos uma campanha com os cuidados que devem ser tomados”, explica o cardiologista Marcelo Paiva, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Segundo o especialista, o período de maior risco para ataques cardíacos vai até duas horas após o término dos jogos. “Com a pesquisa, poderemos direcionar as equipes, prepará-las melhor para um possível aumento no número de pacientes naquele determinado horário”, diz o cardiologista.
Para o cirurgião cardiovascular Januário Manoel de Souza, cardíacos e hipertensos poderiam aproveitar a Copa para fazer um check-up. “Mas há menos preocupação das pessoas com a saúde. O tempo disponível agora é só para assistir aos jogos”, lamenta Marcelo Paiva.
ALINE MUSTAFA
Diário de São Paulo
A orientação tem como base números divulgados durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. Pesquisa revelou aumento de 30% a 40% nos atendimentos em pronto-socorros a pacientes alemães com queixas cardiovasculares agudas. Os cardiologistas temem que o mesmo aconteça com os torcedores brasileiros neste ano.
Segundo o cardiologista Marcelo Paiva, do Hospital Nove de Julho, em situações de estresse ou de emoção, o corpo produz uma descarga de adrenalina que resulta no aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Se há obstrução ou estreitamento nas artérias e veias coronárias, pode ocorrer infarto ou derrame cerebral, como explica o cirurgião cardiovascular Januário Manoel de Souza, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Especialistas orientam que os torcedores evitem o consumo de substâncias como bebidas alcoólicas e frituras. “Estimulantes como cafeína e cocaína podem provocar aceleração do coração e levar a uma crise de arritmia”, explica o cardiologista Nabil Ghorayeb, do Hospital do Coração (HCor).
As medidas devem ser tomadas desde os primeiros jogos da seleção brasileira na Copa, ainda que eles não prometam tanta euforia. Nisso, até os médicos concordam. “No começo, a Copa não deve causar muitas emoções. Ninguém está acreditando muito nesta seleção”, opina o cardiologista do HCor.
Estudo inédito com brasileiroBaseada no estudo feito durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, a Sociedade Brasileira de Cardiologia fará uma pesquisa inédita no Brasil com 200 profissionais em 16 hospitais do país. A intenção é catalogar casos de pacientes que procurem as unidades com sintomas de problemas cardíacos e, assim, identificar se este aumento também ocorre com os pacientes brasileiros.
Serão catalogados todos os casos de problemas cardiovasculares ocorridos antes, durante e até duas horas após o término dos jogos da seleção brasileira. “Se conseguirmos comprovar os números, será mais fácil fazermos uma campanha com os cuidados que devem ser tomados”, explica o cardiologista Marcelo Paiva, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Segundo o especialista, o período de maior risco para ataques cardíacos vai até duas horas após o término dos jogos. “Com a pesquisa, poderemos direcionar as equipes, prepará-las melhor para um possível aumento no número de pacientes naquele determinado horário”, diz o cardiologista.
Para o cirurgião cardiovascular Januário Manoel de Souza, cardíacos e hipertensos poderiam aproveitar a Copa para fazer um check-up. “Mas há menos preocupação das pessoas com a saúde. O tempo disponível agora é só para assistir aos jogos”, lamenta Marcelo Paiva.
Diário de São Paulo